História do Estádio do Pacaembu

Construção Estádio Pacaembu

Durante as décadas de 1920 e 1930, o futebol brasileiro passou por inúmeros problemas envolvendo o controle de sua gestão esportiva. Como consequência, houve alguns resultados aquém das expectativas para dirigentes, jogadores e torcedores nas principais competições de que a seleção brasileira participava.

Dividida entre a CBD, Confederação Brasileira de Desportos, que defendia a prática do amadorismo, e a FBF ( Federação Brasileira de Futebol ), organização que acreditava no desenvolvimento de um profissionalismo para a divulgação do esporte ao redor do mundo, a seleção teve dois grandes fracassos nas primeiras edições da Copa do Mundo: sexta colocada em 1930, no Uruguai, e décima quarta na edição de 1934, na Itália.

Com sua consolidação após a promulgação da Constituição de 1934, o presidente Getúlio Vargas iniciou um projeto de apoio nacional aos esportes, que seriam responsáveis por representar a nação ao redor do mundo. Para ele, a construção de uma nação forte através do esporte seria uma forma de demonstrar a mudança do país.

Idealizada pela Prefeitura de São Paulo em 1936, a construção do Estádio do Pacaembu também estava inserida neste modelo de pensamento. Com início das obras no mesmo ano, o prefeito Fábio Prado e o governador Armando de Sales Oliveira participaram da cerimônia de lançamento da pedra fundamental da obra, na zona oeste da cidade, em janeiro.

Com a instauração do regime do Estado Novo, em 1937, algumas mudanças foram realizadas no comando da obra, já que os projetos arquitetônicos do governo eram motivações para demonstrar a força do país. Comandante municipal a partir deste momento, Prestes Maia interrompeu o projeto, para que mudanças fossem implantadas, principalmente na ampliação do estádio e também nas colunas, semelhantes ao Estádio Olímpico de Berlim.

Inauguração Estádio

O Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho foi inaugurado em 27 de abril de 1940, com a presença do então presidente da República, Getúlio Vargas, acompanhado do interventor Ademar de Barros e do prefeito Prestes Maia.

A obra também atuava como uma maneira de evidenciar o espírito presente no momento histórico de sua inauguração, buscando a fé do país e a busca pela grandeza da nação, atuando como símbolo de progresso ao Brasil. Mais de 50 mil pessoas foram ao Pacaembu naquela tarde acompanhar a apresentação e os desfiles que marcaram a estreia do, na época, maior e mais moderno estádio sul-americano.

Apesar de ser conhecido pela sua grande habilidade como orador, Getúlio Vargas foi recebido por uma sonora vaia pelo público paulistano. Depois de ter chegado ao poder com o Golpe de 30 sobre o então presidente paulista Washington Luís e ter, em seguida, reprimido a Revolução Constitucionalista de 1932, Vargas não era um personagem bem quisto em São Paulo.

Além das vaias, outra manifestação política foi feita pelo público presente. Durante o período da Ditadura Vargas, eram proibidas as ostentações das bandeiras estaduais, mas, durante os desfiles das delegações que representavam clubes da capital paulista, a do São Paulo entrou ostentando o nome e as cores do time, que são as mesmas do Estado de São Paulo. O estádio inteiro e os locutores de todas as rádios, revoltados com a censura, driblaram-na aplaudindo de pé a equipe, o que gerou o apelido de “O Mais Querido” ao clube.

No dia seguinte, 28 de abril de 1940, a política ficou de lado, dando espaço ao futebol. Foi nesta data que teve início, em rodada dupla, o torneio Taça Cidade de São Paulo, criado para inaugurar o Pacaembu. Com apenas quatro participantes — Palestra Itália, atual Sociedade Esportiva Palmeiras, Corinthians, Coritiba e Atlético Mineiro —, a competição era no formato eliminatório. Dois jogos na fase semifinal e os vencedores se classificavam à final.

A primeira partida foi disputada entre o Palestra Itália e o Coritiba. Com apenas dois minutos de bola rolando, Zequinha, do Coritiba, marcou o primeiro gol da história do Pacaembu. Apesar disso, o Palestra virou a partida e venceu por 6 a 2. Logo na sequência, o jogo foi entre o Corinthians e o Atlético Mineiro, vencido por 4 a 2 pelo clube paulista.

No final de semana seguinte, dia 4 de maio, o Palestra Itália entrou em campo para enfrentar o Corinthians na grande decisão da competição. Com gols de Echevarrieta e Luizinho, para o time palestrino, e de Begliomini, para o clube alvinegro, o Palestra venceu o rival paulistano por 2 a 1 e se tornou a primeira equipe a vencer um título no estádio. Coincidentemente, o próprio Palmeiras é atualmente a agremiação que mais vezes foi campeã no Pacaembu, somando 26 conquistas.

Dois anos depois, em 1942, o estádio recebeu o maior público de sua história. 71.281 pessoas se dirigiram ao local para assistir a partida entre São Paulo e Corinthians, que terminou empatada em 3 a 3, em partida válida pelo Campeonato Paulista. Além do confronto contra o rival local, o jogo chamou a atenção do público por marcar a estreia de Leônidas da Silva, o Diamante Negro, no Tricolor Paulista. Craque da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1938, o atacante era um dos principais nomes do esporte na época.

Copa do Mundo de 1950

Depois de um intervalo de 12 anos, causado pela Segunda Guerra Mundial, decidiu-se que a quarta edição da Copa do Mundo voltaria para a América da Sul e seria disputada no Brasil. Ocorrida entre 24 de junho e 16 de julho, o torneio teve jogos realizados em Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Na capital paulista, a sede da competição foi o Pacaembu.

Ainda novo, acreditava-se na época que o estádio não precisaria passar por muitas obras para receber as seleções. A 23 dias do evento, no entanto, delegados da Fifa questionaram a infra-estrutura e o local foi repaginado. Foram disputados seis jogos no Pacaembu, três da fase inicial e mais três da fase final.

Museu do Futebol

Em 29 de setembro de 2008, foi inaugurado o Museu do Futebol. O projeto ocupa área de 6,9 mil metros quadrados embaixo das arquibancadas do estádio. Sua arquitetura se destaca por integrar os espaços: o teto é a própria arquibancada, uma passarela liga os lados leste e oeste do prédio e permite uma bela visão da Praça Charles Miller.